Destino
Descobri que o destino tem sim ilusão...
Que os erros são fases, assim como as vidas são crases...
Que mudam o sentido mas não a direção...
Quantos enganos, quantas agruras...
Quanta saudade, muita verdade...
E pouca aventura...
Que arrepender-se, é o fruto do medo...
É a paga incessante, entre o sim e o talvez...
Que atrasa o destino e não revela o segredo...
Que rosas frias sobre a mesa...
São como nuvens carregadas que não chovem...
Enche-nos de receios, temores e incertezas...
Que a vida é bem mais...
Que cada dia nos enchemos de alegrias...
Mas deixamos escapar os amores, que se voam nos portais...
Que ele é implacável e sem cortes...
Folhas soltas na tarde voando a suas sortes...
Que as águas que levam são as mesmas que caem...
Que na chuva de vidas estão as passagens e mais...
Que o não é mais forte e sincero...
Que o sim mais vero...
Ao mar, sim, ao mar, é pra lá que voam as cinzas...
As partículas gris, de eternidade das coisas...
Que se encontram, que se perdem assim como nós...
Perder-se de si mesmo e achar-se no outro...
É vida, é força, é amor e esperança, estar solto...
Não importa o tamanho da fração...
Nem ao menos os grãos...
A areia é uma só, mesmo que a praia esteja distante...
A ventura é importante pra quem vive o instante...
Mas é plana e sem cor...
Pra quem não vê a diante, e quem não lhe tem amor...
Todas as coisas desconexas que se sonham e se pensam...
São fagulhas de destino que no vento estão suspensas...
Aguardando a colheita, de desejo e fortúnio...
Amparados por mãos em silencio...
É essa a vida que o destino se encarrega de me dar...
É essa a batalha que insisto em travar...
Que lutar contra o destino...
Só nos cansa e faz deitar...
Em travesseiros de remorsos, e em camas frias de granito...
Toda sorte que se perde, por não saber desejar...
Tira a cor mais cristalina...
A nuance mais brilhante, dessa vida pequenina...
Que se perde em seus sonhos...
Mas se encontra nos sorrisos...