O amor....

O amor é um sentimento involuntário, como o bater do coração. O que se pode fazer contra? Ele vem sempre bem de mansinho e nem sua velocidade determinamos. Na verdade, não há pressupostos para determinar seu início ou sua validade. O que é mais importante? O prazer ao final do ato ou todo o caminho percorrido, as preliminares, o amarro, o cansaço? O resultado é efêmero se comparado ao todo. Se então, o amor é involuntário, é certo deixar-se vivenciá-lo apenas? Se eu dispenso um longo tempo cuidando das minhas plantas que florescem uma única vez ao ano e ao final do ciclo elas não florescem, deixarei de gostar delas? Ou cuidarei melhor para que no outro ano elas floresçam?

Façamos o Caminho de Santiago de Compostela e ao final veremos que o que nos resta são as lembranças e o que teremos é a volta, um ir e vir incessante, pois a vida não cessa, ou se o faz, é um única vez.

O que move o ser humano é o sentimento e não a racionalidade. Os animais têm apenas instinto. Sendo o amor um sentimento involuntário é preciso conjugar o verbo estar tanto no presente como no futuro do presente, "estamos amando" e "estaremos amando", até que involuntariamente o amor possa nos abandonar. Mas o que isso importa no exato momento em que conjugamos o presente? Estamos amando! Pois os desígnios de "deus" para os homens é a solidão.

A solidão da alma em seu asilo corporal. Talvez por isso, dependemos tanto do outro e somente nos reconhecemos como tal no outro. Será que Sartre tinha razão ao afirmar que o inferno é o outro? Guimarães Rosa dizia que a estória não quer ser história, pois muitas vezes não queremos vivenciá-la, sermos o protagonista, cria-la, modifica-la, sofrer e amar juntamente. Saint-Exupéry acreditava que não é à distância que mede o afastamento, mas sim o esquecimento e, se há esquecimento, não pode existir o amor.

Continuo conjugando no presente e futuro do presente. Estou amando e estarei amando até quando permitirem!