Torturada

Me torturo com todas essas canções em meus ouvidos.Cantam minha dor.

Comprimem meu coração contra o peito e estilhaçam-no.

Sinto dor. Fogo nos olhos. Nó na garganta.

Uma explosão de sentimentos em meio aos estilhaços. Cortam-me. Deixam-me sangrando no escuro...

Não vejo o sangue, mas o sinto jorrando, o sinto empapando meu corpo. É quente...

Choro baixinho. Um choro dolorido, profundo.

Algo que antes fora pra dentro, é agora de dentro pra fora.

Assim externalizo a dor a que me submeto, trazendo à memória todas as lembranças mais esquivas. As mais turvas e distorcidas. Tão nítidas, tão vívidas em letras de canções...

Deveria apenas apertar o botão e acabar com a dor.

Não quero. Não posso. Não consigo.

Rendi-me. Encostei-me no canto da parede, entrelacei meus braços nos joelhos, baixei minha cabeça e deixei as lágrimas caírem, misturando-se com o sangue.

Dor é o que sinto.

Uma dor sem rótulo, sem designação, ímpar. Uma dor sintética. Uma compilação de todas. `

As luzes que meus olhos procuram se distanciam, somem; são engolidas pelo escuro...

Ele me engole também, sequer me enxergo, curiosamente, sequer me sinto.

A dor me adormeceu.

Assim estou assim permaneço: adormecida, torturada.

Karla kas
Enviado por Karla kas em 08/06/2011
Código do texto: T3021965
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