solene tristeza

Preciso sair dessa sala. Sinto-a abarrotada, apertada, quente. Não respiro direito, meus olhos não conseguem entender as figuras que se avultam...... parecem desesperados; me contorço e me afasto da multidão, consigo respirar... olho por cima dos ombros e - susto!

Não havia ninguém na sala, eram todos fantasmas, meus fantasmas. E agora percebo que estão todos aqui novamente. Não me deixam em paz com seu incessante sussurrar de coisas passadas. 

Sinto-me exaurida. Eles me puxam com veemência, me sugam as forças, me deixam abobalhada diante de tantas imagens que projetam à minha frente... rostos difusos em cenas confusas, sensações confusas... Sinto meus músculos doloridos, meus olhos cansados circundados por um insistente negrume. 

Nada. Parece que nada adianta, nada os faz ir embora, elas não cansam, não se entediam, nem se assustam com meus gritos, que às vezes parecem urros, de dor, mas não é só a dor física, tem a dor da alma.

Consumida, extremamente consumida. 

E por susto, noto que por mais que veja que não estou só, eles não são presenças reais, digo, palpáveis... são sombras, espectros, sei lá! Só sei que me assustam, que me tragam para a negritude dos dias... roubam-me a visão e a sanidade pouco a pouco. 

Veem, não digo mais palavras lúcidas, eles me jogaram numa embriaguez perene, sem remédio, sem volta...

Outro dia desses um inocente vagalume passou diante de meus olhos, oh! como era plácido e... iluminado! Mas mais que isso: iluminava. Não apenas eu percebi isto... eles também. Foi grotesco, indolor, acho, mas ainda sim, grotesco. Aquela simples luzinha, aquela bela luzinha; totalmente esfacelada, engolida pelo escuro de minha vida... entristeci-me profundamente por tê-la visto se apagar ali, diante de meus olhos. tão serenamente, tão inocentemente.  Já avisei a todos: não tragam sua luz pra diante de mim! Não consigo apreendê-la, eles levam-na embora, ceifam-na, afastam-na de mim... ou será que eu é que afasto?

Puxo o ar, não encontro, meu peito doi, sinto-me sufocar... Eu preciso, de fôlego, de gente, de sentimentos puros para me manter viva e lúcida. Meu egoísmo afastou todos que se preocupavam com o meu sustento... deixaram-me só - acreditava nisso, mas hoje eles me fizeram entender que eu os deixei só.

E assim permaneço.

Karla kas
Enviado por Karla kas em 08/06/2011
Código do texto: T3021608
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