Emoções... são tantas!
Quando abordado por um jovem fui “encurralado” com um dilema: “qual o sentimento mais difícil de entender e qual o mais perturbador?”.
Resposta momentânea pra tal questionamento parecia impossível. Comecei por analisar e levantar outro questionamento: “o que é sentimento?”. Amor, raiva, ódio, alívio, alegria, saudade, desejo... emoções infinitas, enfim. A emoção expõe-se fisicamente, é a forma que a alma encontrou pra expressar o sentimento. Mãos suadas, coração acelerado, aperto no peito, nó na garganta, frio na barriga, riso incontido, brilho no olhar, vermelhidão nos olhos, risos e sorrisos, lágrimas.
Quando conquistamos algo que buscávamos com desejo, vibramos de alegria com gritos, coração acelerado, punhos cerrados no ar acompanhados de gritos festivos. O sentimento de alegria pela conquista logo se acomoda e dá lugar a outras ocupações da nossa mente.
Os primeiros passinhos da criança, as primeiras palavrinhas, tudo é motivo de festa, registros... mas logo se acomoda na nossa mente.
Uma discussão acirrada põe os “nervos à flor da pele”, causa vermelhidão nos olhos e no rosto. O sentimento de alívio por ter “falado as verdades”, por ter dito “tudo que estava entalado na garganta”... logo dá lugar à calmaria e começamos a pensar em perdão ou esquecemos.
Um sentimento puxa outro, e assim vivemos e convivemos.
Mas, e quando reencontramos o que estava perdido ou distante por muito tempo?! Quando reencontramos um amigo ou alguma coisa que nos faz festejar pela alegria do reencontro? Ah! Aí sim os sentimentos afloram e trazemos à tona nossas lembranças, e tantos sentimentos se avizinham da nossa alma. Eu disse alma, isso mesmo, alma. Alma lembra sentimento profundo, lembra o Hálito Criador do Supremo Artesão.
Se no reencontro os sentimentos são manifestação da alma, significa, então, que a perda fica ali na alma e na mente cutucando, roendo feito bicho carpinteiro. Quando perdemos, os sentimentos martelam e as lembranças afloram ao simples ecoar de uma canção. É doído perder... é curativo reencontrar. Existem perdas que não admitimos, e essas parecem nunca sumir da nossa companhia, trazem a sensação de nunca mais reencontrar. Existem perdas necessárias para o nosso crescimento, nos faz mais maduros ou nos faz mais simples, mais ingênuos... gente grande precisa lembrar a ingenuidade perdida da infância!
Creio que consegui chegar a uma resposta para o questionamento! O sentimento mais difícil de entender e o mais perturbador é o sentimento da perda. A perda transforma o ser humano, arrasa o coração, esmigalha e fere a alma, perturba a mente, banha o rosto, aperta o peito, acelera e desacelera o coração... mas é dos poucos sentimentos capazes de unir tantas emoções de uma só vez. Há perdas necessárias, pois elas são o que nos motivam a lembrança, aguçam nossa memória, reúnem nossos sentimentos e nos faz buscar e buscar e buscar... somos caminheiros e não podemos parar. Perder dói, mas reconstrói. Perder entristece, mas traz boas lembranças. Perder traz saudade... e a saudade só existe se existir o amor!
A perda, portanto, é necessária ao amor. E o amor é a manifestação sublime da nossa alma!