Espacidade
pequeno lócus de pedra
do eletrônico e da bosta
onde os loucos se perdem e
os que podem são poucos
um treco concreto
com as ruas em blocos e
gritos nos prédios
o tétrico grilo
dos viveiros domésticos
doidos de pé nas varandas
enraizados nos cacos do barro
berrantes agitando os braços
feito órfãos de um quarto minguado
o cão anda luz e na sombra
zomba dos gerânios nas janelas e
gênios aos pares sentados
também das moças de guerra
ele faz troça com o focinho malhado
tem funk bombando na noite
batuque de raiz e até rock n' roll
uns vermes roendo garotos
atrás d'um troco pra fazer o show
entre as sirenes não se sabe do quê
se de quem sangra ou cicatriza
sobem os aromas da rataria
das flores de plástico imortais e
da liba deixada aos santos de esquina