Do verbo amar

Tenho problemas em me envolver com as pessoas.

Sou arredia de natureza. Não digo tímida, mas desconfiada. Desconfio das intenções, dos elogios, ações. Eu poderia atribuir isso a alguns traumas de infância, mas seria como se eu aceitasse e me limitasse a isso. E eu não quero.

Quero pensar que, sim, aconteceram coisas ruins no decorrer das minhas primaveras mas que eu posso superá-las.

É tão difícil, sabe?

Sempre criei uma barreira em torno de mim. Não deixava ninguém transpô-la... MEDO. Medo de que me conhecessem de verdade, receio bobo de achar que iam usar isso contra mim de alguma forma. Medo de me aproximar, de me frustrar, de ser abandonada. Tantos choros contidos... tantos.

Um dia encontrei alguém... Tão contrário a mim, em gostos, preferências, atitudes. Imagino que a "mágica" começou a partir daí.

No começo foi difícil (anos e anos de recolhimento), repeti diversas vezes o mesmo erro, briguei, blasfemei. Depois eu percebi que minha revolta estava no fato que algo estava mudando e eu não queria aceitar. Mas já era tarde demais.

Me rendi. E amei. Pela primeira vez consegui amar. A muralha foi ao chão.

Percebi que fui acometida pelo amor quando o escolhi com todos seus defeitos, qualidades, limitações. Não importava como ele era, eu o tinha escolhido e bastava.

Por mais que hoje em dia não estamos mais juntos, mas a passagem dessa pessoa na minha vida, com todas as circunstâncias, mudou minha vida drasticamente. Meu modo de encarar tudo. Precisei chorar para assimilar. Não o culpo pelas mágoas. Aprendi.

Amarei de novo...