Cansei...

Cansei de sentir na pele a ânsia de ver que nada vem sem uma cobrança

De cair á beira desta estrada quando deveria ter continuado

De nunca terminar a dita viagem só por que tinha a certeza de nunca acaba-la

Cansei de que me virem às costas e de às vezes dizer não para variar

De não aprender uma lição que de outra forma nunca aprenderia sozinho

Cansei de ouvir balelas, de falar balelas e de ficar calado quando deveria falar

De não me irritar quando deveria

De me irritar por coisas pequenas

Cansei de prestar ajuda a quem não muda

De ser eu mesmo, quando na verdade queria ser outra pessoa

Cansei da vida passada, que aos poucos passava á minha frente

Cansei da vida presente que tenho como presente a lágrima que agora me escorre

Cansei de ansiar um futuro que se não demora, nunca é possível ou nunca virá

Cansei da dor que em meu peito explode e que nunca vai passar

Cansei de não dormir a noite só de pensar e sentir na aflição que em meu coração habita

De fatigadamente correr atrás da decepção

De deixar que o amor da minha vida passasse ao em vez de segui-lo

De amar alguém sem cobrar dela nada

Cansei de correr inutilmente atrás da pessoa errada e por muitas vezes perceber que era eu quem estava errado

Cansei de estar preocupado pelas outras pessoas, quando elas não se preocupavam consigo mesmas

De rir quando deveria chorar

De chorar quando deveria rir

Cansei das coisas bem feitas, e que no final das contas não somam nem acrescentam á vida nada

De ser omisso com o meu sentimento, acovardando-me quando a coragem devia dar as ordens

Cansei de aceitar calado os desmandos e as ordens que deveriam se desobedecidas e anuladas

De estar sóbrio quando deveria estar embriagado (mesmo que a embriaguez tenha sido de amor)

Cansei de às vezes esperar a morte, quando ela mesma não vinha

Cansei de minha vida que inutilmente me servia...

Paulo Poeta
Enviado por Paulo Poeta em 25/11/2006
Código do texto: T300948