espelhorado
você, nestes olhos cabisbaixos,
com o queixo voltado para o peito,
vencido pelo cansaço do trabalho,
acuado por medo do medo.
você, escravo nato do emprego,
sobrevivente do plano elaborado
por aqueles que jogam num outro tabuleiro,
está desalmado desde o começo.
você, não conhece a beleza do acaso,
teu corpo é um relógio por inteiro.
Desperta pro sonho acordado,
um soldado raso de rabo preso.
presa fácil,
todo faceiro atrás das grades,
cativeiro light dos teus poucos erros.
ah, Zé...