- Apenas assisto

Tudo que havia de amor em mim foi dado

O que me ensinaram sobre amar foi tirado

A vida que sempre sonhei foi roubada

E tudo que sempre almejei, hoje não é nada

Assim começava o discurso...

E ele, apenas assistia...

Hoje, mas um dia mesmíssimo, sem mudanças quaisquer

O bar, os cigarros, Sinatra no jukebox e o gim.

Mesma manhã conturbada de sempre,

mesmo barman atendendo a mesa

Ás dançarinas do bar nunca mudavam

E o cheiro do local sempre fora desagradável

Assim era e da mesma forma se seguia...

E ele apenas assistia...

O amanhã chegara rápido, e nada de mudanças na rotina

Arrumou-se, perfumou-se e lá se foi ao bar

e a vida continuava...

Tardes, manhas e noites eram passadas no bar;

Sua vida inteira fora vivida assim

{exceto as madrugadas} essas ele reservava ao sono.

Então em uma manhã comum, de um dia tão comum quanto

Em seu bar veterano, aquele velho corriqueiro daria fim a tudo

Levantou-se, aproximou-se e desligou a tevê.

O ouvi dizer lá de onde estava.

“Chega, essa porra de filmes antigos vão acabar com minha sanidade.”

Enfim levantou-se e deu lugar a outro para ocupar a poltrona da sala...

Agora... Eu apenas assisto.

Tornei-me um espectador de minha ex-vida.

Paschoal George
Enviado por Paschoal George em 31/05/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3004454
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