- Apenas assisto
Tudo que havia de amor em mim foi dado
O que me ensinaram sobre amar foi tirado
A vida que sempre sonhei foi roubada
E tudo que sempre almejei, hoje não é nada
Assim começava o discurso...
E ele, apenas assistia...
Hoje, mas um dia mesmíssimo, sem mudanças quaisquer
O bar, os cigarros, Sinatra no jukebox e o gim.
Mesma manhã conturbada de sempre,
mesmo barman atendendo a mesa
Ás dançarinas do bar nunca mudavam
E o cheiro do local sempre fora desagradável
Assim era e da mesma forma se seguia...
E ele apenas assistia...
O amanhã chegara rápido, e nada de mudanças na rotina
Arrumou-se, perfumou-se e lá se foi ao bar
e a vida continuava...
Tardes, manhas e noites eram passadas no bar;
Sua vida inteira fora vivida assim
{exceto as madrugadas} essas ele reservava ao sono.
Então em uma manhã comum, de um dia tão comum quanto
Em seu bar veterano, aquele velho corriqueiro daria fim a tudo
Levantou-se, aproximou-se e desligou a tevê.
O ouvi dizer lá de onde estava.
“Chega, essa porra de filmes antigos vão acabar com minha sanidade.”
Enfim levantou-se e deu lugar a outro para ocupar a poltrona da sala...
Agora... Eu apenas assisto.
Tornei-me um espectador de minha ex-vida.