Desespero

Que a morte seja lenta, e gradativa, para que as dores sejam igualadas.

Que a punição abra mais minhas feridas, e que não haja penitência.

Que a covardia se aproprie, e as sombras sejam parte do que resta agora.

Que a agonia seja parte do que mereço, que a frieza volte ao mesmo passo, e permaneça, que não haja chuvas, mas a dúvida das possivéis tempestades.

Que seja escuridão, miséria, desgraça.

Que eu permaneça o nada que sempre fui, sempre insuficiente e incapaz, que hoje possa doer como há de doer através dos tempos.

Que a culpa que carrego, seja sempre reforçada, para que eu jamais esqueça dos erros cometidos na estrada.

Acostumei-me com o desabor das dores, e a amargura, também com o sabor do pranto, doce-amargo-azedo.

Andarei pelas ruas, acelerando o máximo que posso, até o primeiro muro.

Que Deus fique fora dessa.

Hoje eu sumo.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 29/05/2011
Código do texto: T3002031
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