Desespero
Que a morte seja lenta, e gradativa, para que as dores sejam igualadas.
Que a punição abra mais minhas feridas, e que não haja penitência.
Que a covardia se aproprie, e as sombras sejam parte do que resta agora.
Que a agonia seja parte do que mereço, que a frieza volte ao mesmo passo, e permaneça, que não haja chuvas, mas a dúvida das possivéis tempestades.
Que seja escuridão, miséria, desgraça.
Que eu permaneça o nada que sempre fui, sempre insuficiente e incapaz, que hoje possa doer como há de doer através dos tempos.
Que a culpa que carrego, seja sempre reforçada, para que eu jamais esqueça dos erros cometidos na estrada.
Acostumei-me com o desabor das dores, e a amargura, também com o sabor do pranto, doce-amargo-azedo.
Andarei pelas ruas, acelerando o máximo que posso, até o primeiro muro.
Que Deus fique fora dessa.
Hoje eu sumo.