- O grande palhaço
Um homem que nunca vi, portador de uma linda voz anunciava:
“AGORA, COM VOCÊS, ELE O MAIS ESPERADO; LIS O PALHAÇO”
- EEEEEEEEEEEEEEEEEEE (algazarra)
Ás crianças vibravam com o comunicado.
- O palhaço mamãe, o palhaço.
Era ouvido por toda parte.
Em cena, ele merecia o rotulo de “O Palhaço”.
Lis fazia toda a criançada rir, e também contagiava os velhos homens.
Mulheres, velhos todos vibravam com o reluzir do palhaço.
Os homens que moviam as luzes se contorciam de rir, os ajudantes de palco o mesmo; Era impossível não achar graça de toda aquela “palhaçada”.
Uma bicicletinha onde o tal palhaço fazia seus malabarismos;
Uma flor que esguichava água até mesmo na platéia.
O palhaço havia ganhado o palco e nos seus 40 minutos de apresentação era impossível não se ouvir gargalhadas e apenas isso; Gargalhadas!
De volta ao seu camarim, ainda com uma expressão sorridente diante dos outros amigos, ele tranca atrás de si a porta de uma madeira grossa.
O palhaço senta-se diante do grande espelho e começa a se despir...
Primeiro os grandes sapatos, a calça; Agora ele arranca o macacão colorido e o põem de lado.
Resta-lhe apenas a peruca, o grande nariz vermelho e toda a maquiagem, ele se olha duramente por alguns minutos, que parecem horas. Então retira o nariz e uma lágrima escorre por sobre suas bochechas.
A peruca cai para trás em um só gesto de mãos...
Com uma toalha ele é capaz de tirar toda a maquiagem que lhe encobre a face, apenas minutos até estar novo, e as lágrimas ainda escorrem, e ele as seca com a toalha que ainda está em suas mãos.
A expressão de felicidade que havia estampada no rosto, agora não passa de um borrão na toalha que jaz em cima de um monte de outras roupas.
Sem toda aquela parafernália de palhaço, ele volta a ser o que sempre foi, o que sempre é por debaixo da toda a maquiagem.
O palhaço volta a ser o que nunca deixou de ser. Eu!