apenas pensando...

Eu poderia escrever linhas à fio

Por dias sem fim

Até o final do ultimo tempo

Quando não houver mais ninguém para me ouvir.

Eu poderia esgotar minhas idéias

Exaurir-me até a ultima gota

Até não sobrarem mais rimas possíveis

Nem amores plausíveis, sentimentos sensíveis.

Ah, eu poderia parar neste mesmo instante

E procurar um sentido para o até agora

Ou então desistir de tudo

E viver em paz... até o nunca mais.

Não.

Inacreditavelmente escolho a exaustão

Da luz das velas

A escuridão das palavras que ainda não vieram

Mas que já são minhas melhores amigas.

Sim.

Não é apenas com parnasianismo que se faz poesia,

Não é apenas com romantismo que se ama poesia,

Não é apenas com modernismo que se refaz poesia.

Mas não venha me perguntar como, então.

Talvez Vinícius, talvez Llorca, talvez Saramago,

Talvez Drummond, talvez Neruda...

Silenciassem diante dessa pergunta.