Pai Nunca Morre - RPF
RPF
Eu tenho um amigo, o melhor do mundo.
Ele nunca se recusou a me ouvir. Nunca teve medo de falar.
Ele me felicitou quando fiz a coisa certa, e sorriu.
Ele ralhou comigo quando fiz a coisa errada, e emburrou.
Mas por mais que eu errasse, ele nunca me virou as costas.
Quando eu chorei, lá estava o colo dele.
As palavras doces, a voz forte, sempre o consolo.
Muitas vezes ele não precisa dizer nada. Ele está lá.
Só por saber disso, eu já fico em paz.
Este amigo dá a vida pelo meu bem estar.
Ele se irrita quando eu me valorizo pouco.
Porque ele sempre me valorizou muito.
Ele cuidou de coisas que eu não pude cuidar.
Ele cantou pra mim quando eu precisava descansar.
Ele assoviava quando eu tinha que acordar.
Seu abraço sempre foi único. Era um abraço musical.
Ele também comete erros, este meu amigo.
Ele também ouviu minhas broncas.
Mas ele era muito mais experiente, não falava bobagens como eu.
Esse amigo me emprestou dinheiro e não queria de volta.
Esse amigo queria se divertir ao meu lado.
Mas por alguma razão, achava que incomodava.
Ele preferia estar ao meu lado quase nas sombras.
Eu preferia ele ao meu lado sempre. E ele estava.
Não sei se sempre pude vê-lo ali, mas lá ele se encontrava.
O meu grande amigo gostava de conversar.
Gostava de trocar experiências e conhecimento.
Eu sempre soube que ele estava lá, por isso nem sempre dei atenção.
Ele tem opiniões fortes, e eu também. Então evitavamos alguns assuntos.
Mas no fim, ele sempre tinha razão.
Esse meu amigo lutou para que eu acreditasse em Deus.
E eu acreditei. E acreditei à tempo.
Esse meu amigo um dia se despediu de toda a família.
Foi embora inesperadamente.
Eu chorei, eu choro, eu chorarei. Sempre.
Sinto falta de seu abraço, de seu toque, de seu calor.
Sinto falta de sua presença na minha vida.
Seu cheiro, seus sons, suas marcas.
O que me conforta em sua ausência é simples.
Tudo o que ele me ensinou, tudo o que ele fez é eterno.
Está gravado no meu coração e na minha alma.
Ainda que minha pele sinta frio, e que meu peito esteja vazio.
De uma coisa eu estou certo.
Pai, este amigo único, nunca morre.