O que são, afinal, poetas...
Sem querer fiz poesia
E fiquei me perguntando
Se um poeta não passa de um ser
Prepotente em sua crua essência,
Achando sempre que derrama papel a fora
Uma rima inesquecível, um comentário precioso,
Um pensamento indispensável.
Aos nove anos eu já escrevia minhas loucuras,
E enquanto os outros fabricavam seus contos-de-fadas,
Eu queria descobrir o sentido de inventarem mundos mágicos
Por isso fico me perguntando se é doença...
Se for doença, deve ser crônico.
E já que é crônico, então terei que agüentar
Essas palavras perturbando quando tento decansar,
E esse silencio torturando quando quero agir,
Arrependimentos, remorsos, indo e vindo
Quando desejo apenas me redimir.
Quando eu tinha nove anos não pensava em nada disso,
Só sentia aquela dor estranha, que ninguém mais parecia ter.
Aquela dor me fazia, então, diferente,
E hoje, para fugir da dor
procuro misturar-me ao que é igual.
Agora, me consolem companheiros de bardo,
Digam-me, por favor,
Se teus sintomas são como estes,
Pois procuro o meu diferente...
Para ter o alívio de finalmente
Sentir-me normal.