O Palhaço do Circo Sem Futuro
E foi assim que ele partiu...
Não fez sorrir, não sorriu;
Não tentou ao menos domar a tristeza e transformá-la em alegria;
Hoje ele não quis aparecer para a maioria.
Não fez malabarismo com as dificuldades desse picadeiro sem aplausos que se chama realidade.
Não quis se maquiar para se sentir bem, não quis usar máscaras para não machucar ninguém.
Seu semblante era fácil de traduzir, porém difícil de explicar;
Tradução exige conhecimento;
Alguém conhece o sentimento?
Doravante ele seguirá...
Sem amor ao que faz, mas fazendo com amor tudo que ama.
Coberto com lona, seu teto é o céu e o solo sua cama.
Gigante como um elefante, ardiloso como um rato.
Em dias ruins a cama é um fato, não o culpo, pois o animal gigante tem medo de rato...
Já encarou leões, mas hoje não ousou encarar um espelho;
Arriscou-se no trapézio, já fez sair da cartola mais do que um simples coelho.
Mas hoje não ousou encarar o espelho.
A cartola do mágico não teve mágica suficiente para fazê-lo ficar
Suas últimas palavras doces foram: “Deixem-me ir, preciso andar”
No canto do Cartola ele partiu... Não fez sorrir e também não sorriu.
Não quis mais a palhaçada, pois ele já estava maduro;
Não quis mais ser o palhaço de um circo sem futuro.
A maioria quer sorrir, porém poucos sabem fazer sorrir...