Minha Solidão

Onde estão os meus amigos? Longe... Muito longe, porém um pouco deles ainda está em mim. É engraçado como eu me tornei um pouco do que eles são, ou pelo menos eram. Eu não consigo aceitar um mundo diferente do que tínhamos. A falta que meus amigos me fazem, a saudade do passado que existiu e esse novo lar de “pessoas”, me angustia. Sinto falta dos anjos que fazem como os demônios fazem.

Mesmo de longe posso ver todos que me cercam, posso ver todos fingindo que são felizes, todos que acreditam que são felizes, ou querem acreditar que são felizes. Que felicidade é essa que eles tanto têm em exibir-se para outro? Que felicidade é essa que não volta com as lembranças? Onde estão os seus sorrisos sinceros? Seus sorrisos são falsos, pois não são compartilhados com todos. Quando vão ao circo, riem do palhaço e não da palhaçada, e assim não compartilham a alegria, que os domina, com o palhaço. São capazes de rirem e debocharem tanto, de entristecer o pobre palhaço. Não consigo entender porque são todos tão ruins uns com os outros.

Quero mostrar o mundo que descobri. Quero que vejam a vida além de um padrão. Quero que vejam a vida de forma simples e complexa. Sem tantas preocupações com divindade, se não com a sua própria. Quero que criem, mantenham e que destruam. Quero que larguem o seu ponto de vista, o ponto que lhe da uma visão única, quero que vejam mais outros, quero que saibam ver, que consigam entender porque vêem algo, que encontrem o ponto de vista de um outro e que entenda porque daquele ponto se tem aquela vista. Quero que saibam ser observadores. Quero que aprendam a viver positivamente para si e para outros.

Foram tantas emoções, dos corações, dos pensamentos e das razões. Agora eu tenho um milhão de coisas para falar, mas sem uma ordem para expressar. Idéias e pensamentos que ainda não mostram uma razão, porém, apesar de não saber a forma, sei que são lógicos.

Estou quebrado pela falta da liberdade, daquela liberdade de ser sem censura, sem censurar. Estou quebrado, pois roubaram a minha liberdade de ser. As vezes pareço ser único, as vezes pareço ser o errado. Será que sou o errado? Agora só... Como saber? Sei que não sou. Outros como eu estão por aí, sofrendo, ou não, com a atual realidade, com o massacre da verdade de cada dia.

Sinto medo ao pensar que posso acabar, que “esse” mundo possa me destruir, assim como pode ter destruído outros. Sinto pavor em pensar que posso ser afetado, que posso perder e ganhar. Que possa perder minha divindade, minha grandiosidade, e que possa ganhar algo que preencha o vazio que me completa. Sinto por não ter alguém que sinta o que sinto, aqui comigo.

Necessitado de mãos que se estendam para mim, desci até as profundidades, como o sol pela noite, que leva a tua luz ao mundo inferior. Nada consegui, se algo adquiri, foi apenas mais certeza da minha solidão.

O que fazer? Seguir mentiras, ilusões? O ar está ficando cada vez mais pesado. Sentimentos maus me dominam, parece até que estou morrendo.

Ah... Meus amigos, meus velhos amigos. Dormíamos como loucos e acordávamos querendo ser mais. Agora, tudo que me resta é esse copo com o esquecimento das vagas sentimentais, esse copo que me traz em um momento de sóbria visão o não amo, nem a mim mesmo, e o não odeio, nem a mim mesmo.

Eduardo Salarini
Enviado por Eduardo Salarini em 23/05/2011
Reeditado em 23/05/2011
Código do texto: T2988087
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