A receita que faço pra mim
Por melhor que seja a intenção, não há bolo que saia igual. É aquela farinha que você deixa cair a mais ou aqueles segundos a menos batendo a massa. São tantas as variáveis que fazem a fama da sua mão dourada que o seu sucesso não se define apenas por aquele pedaço de papel guardado e manchado pelo tempo. Por mais simples que sejam as instruções, atenção. Por mais experiente que você seja, dedicação. Por mais rápido que seja o preparo, paciência. Por mais raros que sejam os ingredientes, persistência. E aí, aquilo que parecia ser a regra do bolo delicioso medida precisamente em gramas e litros se preenche de subjetividade. A subjetividade que foi e sempre será inerente à relação que nós mantemos com as nossas coisas, conosco e com outros. Mas que mania de achar que há o jeito certo de agir, a palavra certa para falar! Não há. Mas existe, sim, o que colocar, a gosto, que sempre realça os sabores - sinceridade. Se você quer fazer um bolo, tente. Se não é o que quer para você, não faça. Outras pessoas vão prová-lo e não irão gostar se houver acidez, amargor. A sinceridade não cresce como fermento e não se compra no mercado, mas será sempre a receita que faço pra mim.