A SOLIDÃO
A solidão não é a “ausência” de algo, é a presença do NÃO SER. É o existir que não se vê, mas que se sente, é o banquete extravasado do vazio, é a díade das indagações e a querela do querer sorrir.
É o espetáculo apresentado sem aplausos. É a decepção do sorriso da criança quando corre para abraçar o pai ausente.
É o direito de não ser feliz e, aceitar sua sentença de morte.
Ela é perversa.
A misericórdia é a sua principal inimiga, o silêncio é a sua sinfonia, constante, que não para de tocar, entoando canções saudosistas que nos fazem sofrer e chorar.
As fotos estendem a lembrança de nossa memória, preenchendo as lacunas dos descalabros da dor. A dor aqui não é tragédia é o sujeito do Ato, enquanto a Vida passa a ser o abstrato do viver.
Ela nos apresenta personagens; cria mundos imaginários que parecem reais; transporta-nos para lugares mais inóspitos que a natureza humana possa se sujeitar para ter o prazer de regozijar-se consigo mesma.
Ela zomba de nós!
Seu objetivo final não é a nossa morte, mas a loucura eterna, que nos leva a desencantos e desencontros com a nossa própria natureza de ser.
Errantes, passamos a não mais existir longe de nossas raízes; perdemos nossa identidade.
Cansados e sem fôlego, não resistimos mais a lide e, cedemos a um SURREALISMO que nos tira a percepção da consciência, desvirtuando o nosso olhar para os devaneios da razão pervertida.
Sem mais razão alguma para existir, cedemo-nos ao golpe de misericórdia, irritando-a intempestivamente, pois fora dado a sua inimiga o mérito de finalizar nossa História em nossa própria vontade de sofrer.