Pura Solidão
Pura Solidão
Mª Gomes de Almeida
Quando a gente se apaixona, são inevitáveis os sonhos, os planos, a vida a dois parece perfeita e tudo indica - na cabeça dos apaixonados que será sempre “tapete vermelho”- Ledo engano!
Os anos passam, os sonhos não! Por eles, os sonhos, as cobranças a cada dia mais intensas. Coisa que mulher? Sei não... Ele diz que é. Diz também que sou chata, que cobro e inverte a ordem das coisas, se colocando na situação de vítima.
Dez anos depois, bodas de sei lá o quê. Cá estou eu, sozinha praticamente todos os dias da minha vida. E lembrar que não foi isso o combinado quando a gente se encontrou...
E a situação se desenha da seguinte forma.
De segunda a quarta, o cansaço é inevitável, vira as costas e dorme! Eu sozinha...
De quinta a sábado, a cerveja é inseparável, dorme bêbado. No sofá, as vezes sentado, as vezes deitado. Enfim, lá pelas tantas chega à cama. Eu continuo sozinha...
Restou para mim o domingo, certo? ERRADO! Domingo é ele e a ressaca. Enquanto isso eu sozinha, solitária...
Vago pela net. Nada de bom!
Na TV pouquíssimas opções e não gosto!
Leio. Devoro um livro atrás do outro nas horas de pura solidão, um pouco de música me faz companhia também.
Eu a chata, que só reclama, que pega no pé!
No fundo o que queria. Queria, pois já nem se sei quero mais, era meu homem firme, lúcido, presente.
Ledo engano!
Isso pra mim é tão pouco e ao mesmo tempo “tão” tudo...
Será mais um engano meu?