Solidão de uma não humilde pseudo literata

Assisto filmes que muitos não assistem. Assisto filmes que muita gente nem quer passar perto. Ou porque são dificeis demais de entender ou porque mexem demais com seus conceitos “puritanos” de vida.

O grande fato é que sempre que asssisto algo que mexe comigo fico louca de vontade de conversar sobre o assunto com alguem. E nunca tenho com que falar sobre, o que não é surpresa. Até com quem assistiu comigo o conversar é uma sucessão de palavras mudas e vazias de idéias. As pessoas apenas veem as imagens e ouvem os sons que são exibidos na tela da tv. Elas não asssimilam os conteúdos, muito menos questionam o que poderia ser bom ou ruim em um roteiro, figurino, formação de personagens. Excluo de meus arquivos mentais comentarios sobre “gráficos” ou qualquer coisa que o valha. Pois, para mim, os melhores filmes são sempre aqueles que não tem quase nada de grana para ser ivestido em “defeitos especiais” então são filmes de densidade e de conteúdo (forte, chamativo, emotivo, intelectual).

Espero um dia encontrar alguem com essa vontade de conversar, assim nao me sentirei mais tão alienigena nesse mundo.

Certa vez encontrei uma pessoa que me indicava filmes e programas culturais que fazia, quando conseguiamos nos falar faziamos comentarios sobre o que viamos. Apesar disso me fazer feliz, ainda sim sinto um vazio dentro de mim. Um vazio que poderia ser preenchido por um sofa, uma pipoca, um chocolate quente ou um suco juntamente com umas boas horas de desabafo intelectual.

Se vivi 29 anos, tive umas 9 horas como esta que descrevi. Seria sonhar demais querer mais esse tipo de coisa na vida¿

Me sinto em um deserto de letras. Pareço ser a unica a ver beleza nos grãos de areia em que piso, pareço ser a unica louca que chora por olhar para o lado e não ter com quem conversar assuntos que borbulham dentro de mim, ideias loucas que não precisam ser postas em pratica, mas apenas discutidas.

Não sei conversar banalidades. Não sei falar do tempo, da novela, do programa de domingo nem da fofoca da semana. Muito menos do assunto que é falado no jornal do dia. Tudo que é falado por todos, para mim, é sem importância.

Queria ser humilde ao ponto de conseguir assistir “pânicos” e filmes de comedia. Mas não consigo. Não sou humilde. Não tenho amigos. Tenho colegas, pessoas que ajudo, pessoas que me ajudam, pessoas que não sabem quem sou ou acham que sou intelectual, louca, bocuda ou simplesmente chamativa.

Quão feliz fico quando sinto que estou falando algo que alguem me entende. Tenho uma prima e seu marido que moram em Salvador. Me senti em casa falando de metafisica e psicologia com eles. Pena que o encontro ocorreu so uma vez.

Fico parecendo criança em um parque quando vou a uma exposição de arte e olho para alguem que raciocina, de olhos bilhantes diante de algum comentario ou que simplesmente faz um comentario.

Parece coisa imbecil, mas um sonho que descobri que tenho é juntar um grupo de doidos amantes da natureza e de livros, filmes e artes em uma mesa. Jantarmos e bebermos suco e ficarmos discutindo uma obra de arte (a escultura feita pelo artesão bebado de Paranapiacaba) ou um fime (como “amor nos tempos do colera” ) ou simplesmente uma música feita por qualquer banda que se inspirou em um fato historico para ser composta.

Tenho sede de saber mais, mas tenho sentido minha fonte de curiosidade secar por falta de copos para preencher.

Desconto tudo que penso em resenhas, poemas, silêncio.

Sei que nao serei autora reconhecida por isso e jamais serei rica. E sei mais ainda que não terei amigos mais proximos por ser assim.

Parece uma maldição. Eu, trancada em uma hemeroteca de conhecimento, munida de apenas um espelho para comversar. Com muito custo, arrumei uma caneta e um caderno. E com isso escrevo e arremesso pela janela.

Poucos que leem mandam bolas de papel comentando. Mas sei que menos ainda leram de verdade o que foi escrito.

Palavras solitarias para os poucos que enxergam ou sentem o que é a minha solidão.