AOS SUPERSTICIOSOS
31.10.2008.
“Que poderia dizer daquele que se vangloria deliciosamente de obter perdões imaginários para seus crimes, que mede pela clepsidra (relógio de água) a duração do purgatório e compõe para si mesmo uma tabela matemática infalível de séculos, anos, meses, dias e horas? Ou que dizer daquele que se alimenta de fórmulas mágicas e de orações inventadas por um piedoso impostor, vaidoso ou ávido, por meio das quais se promete tudo, riquezas, honras, prazeres, abundância, saúde sempre sólida, viçosa velhice e, para encerrar, uma cadeira no paraíso, justo ao lado de Cristo! Ainda assim, não pretendem ocupar seu assento senão tão tarde quanto possível, quando as voluptuosidades dessa vida, às quais se aferram com gana, os tiverem abandonado apesar de tudo e quando, então, tiverem de se contentar com aquelas do céu. Basta ver o mercador, o soldado, o juiz que, depois de tantos roubos, tomam um punhado de moedas e, ao oferecê-las, pensam que purificam de uma só vez o pântano de Lerna (alusão ao lendário pântano em que Hércules matou a hidra) que é sua vida, que, por um simples pacto, redimem-se de tantos perjúrios, de tantas libertinagens, bebedeiras, assassinatos, imposturas, perfídias e traições, em resumo, resgate tão perfeito que podem livremente recomeçar a seguir a série de seus crimes.”
Erasmo de Rotterdam, “Elogio da Loucura” – 1511
Louvo-te Deus Cético por assim ser teu adorador!
Não me é necessária a capa que me esconderia da humanidade ou contrariamente do brilho cintilante que me faria um suposto sobre-homem!
Não me é necessário o céu, o inferno, o purgatório!
Não preciso deixar de ser eu mesmo, pensar por mim mesmo e viver por mim!
Louvo-te por possuir condições plenas para um raciocínio livre!
Louvo-te por minha capacidade em duvidar de tudo e assim me diferenciar dos animais que pastam e se recolhem pelos currais!
31.10.2008.
“Que poderia dizer daquele que se vangloria deliciosamente de obter perdões imaginários para seus crimes, que mede pela clepsidra (relógio de água) a duração do purgatório e compõe para si mesmo uma tabela matemática infalível de séculos, anos, meses, dias e horas? Ou que dizer daquele que se alimenta de fórmulas mágicas e de orações inventadas por um piedoso impostor, vaidoso ou ávido, por meio das quais se promete tudo, riquezas, honras, prazeres, abundância, saúde sempre sólida, viçosa velhice e, para encerrar, uma cadeira no paraíso, justo ao lado de Cristo! Ainda assim, não pretendem ocupar seu assento senão tão tarde quanto possível, quando as voluptuosidades dessa vida, às quais se aferram com gana, os tiverem abandonado apesar de tudo e quando, então, tiverem de se contentar com aquelas do céu. Basta ver o mercador, o soldado, o juiz que, depois de tantos roubos, tomam um punhado de moedas e, ao oferecê-las, pensam que purificam de uma só vez o pântano de Lerna (alusão ao lendário pântano em que Hércules matou a hidra) que é sua vida, que, por um simples pacto, redimem-se de tantos perjúrios, de tantas libertinagens, bebedeiras, assassinatos, imposturas, perfídias e traições, em resumo, resgate tão perfeito que podem livremente recomeçar a seguir a série de seus crimes.”
Erasmo de Rotterdam, “Elogio da Loucura” – 1511
Louvo-te Deus Cético por assim ser teu adorador!
Não me é necessária a capa que me esconderia da humanidade ou contrariamente do brilho cintilante que me faria um suposto sobre-homem!
Não me é necessário o céu, o inferno, o purgatório!
Não preciso deixar de ser eu mesmo, pensar por mim mesmo e viver por mim!
Louvo-te por possuir condições plenas para um raciocínio livre!
Louvo-te por minha capacidade em duvidar de tudo e assim me diferenciar dos animais que pastam e se recolhem pelos currais!