PENSAMENTOS

‘Stou velho, doente, acabado,

Já pouco posso eu viver…

Vejo o Sol quente e parado

Não sei o que posso fazer.

Não vivo d’ilusões, a sério,

Já tenho o destino marcado

Há muita gente co’ critério

Co’ um pensar muito errado.

Sei quem sou, já me basta,

Não preciso que mo digam

Pertenço a uma outra casta

Os conselhos não me sigam.

Sou um pobre diabo, talvez

Que me querem mesmo iludir

Mas quem iludir talvez

Pode na vida não subir.

Tenho a vida por inferno

Se o inferno é a própria vida

Neste Mundo tão moderno

Onde não encontro saída.

Já fui vigarizado, enfim

Porque nasci infeliz

Ninguém gosta de mim

Na verdade quem o diz.

Sou p’ra aqui um coitado

Que nem tem pai nem mãe

Que foi sempre enganado

E hoje não é ninguém.

Me puseram muito d’ficiente

P’ra ter esta dita Pensão

Quem for mesmo consciente

Pensa que não tenho razão.

Não tive culpa de nascer

Nem de ter tanta dificuldade

Nesta vida de aprender

Aqui vivo a negra realidade.

Eu podia ter um lugar ao sol

Se não me dessem como incapaz

Portanto eu tenho um farol

Que mostro que sou bom rapaz.

Nesta vida só há ilusões

No Mundo que d’sconheço

Vigaristas e aldrabões

Por um grande e bom preço.

Tenho irmãos, que são

Talvez uns doutores disfarçados

Que vivem duma boa posição

Mas que estão totalmente errados.

LUÍS COSTA

14/08/2007

TÓLU
Enviado por TÓLU em 13/05/2011
Reeditado em 23/09/2016
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