Amém.
Estou tentando dizer amém a tudo, dizer amém ao mundo.
Entre as vagas idéias de mudança, diversas crenças no futuro que nunca existiu, esvai-se por águas, e talvez ainda que crente não me permita cultivar cicatrizes.
Deixei pedaços pelo caminho, e o vento frio arrastou a alma sem cor para trás, o céu estava cinza demais para se dizer que era feliz.
Sorriso em tom de sépia, amarelo, com um gosto amargo.
Sólido como as pedras, como os muros que derrubei, mas não como os que ão de ser erguidos como a melancolia das melodias que murmuram '' Saudade '' aos ouvidos.
Hoje porém ouço os gritos presos, arrasto minhas correntes como os mortos-vivos, nem lá, nem cá, talvez em mais lugar algum.
Joelhos ao chão, as mãos secam poucas águas que escorreguem no desespero, mas na ciência de que tudo que pode ser feito foi. Amém.
Hoje eu tento dizer amém a tudo, ecoando em mim notas baixas, e tons graves, desmerecendo a própria existência, persisto.
Recolhi minhas asas, guardei-as, ainda ontem eram vida, hoje corto-as nas lâminas afiadas do que é preciso. Respiro porque é necessário não porque quero, alguma mão ainda aperta minha garganta, e eu nunca quis tanto gritar.
Nunca desejei tanto gritar, e grito em silêncio, na mudez dos meus próprios passos adiante, eu hoje estou tentando dizer amém a tudo.
Dizer amém a tudo, a tudo.