Eu e o Lápis
Um instrumento para comunicar palavras. Um instrumento na mão de um grande poeta, um sábio mestre, um criador. Instrumento do Grande Artista para comunicar sua arte.
Não sou instrumento perfeito, minha ponta se quebra com facilidade. As vezes risco forte, outras vezes sou fraco demais. Não posso agir por mim mesmo, sou completamente dependente de quem a mim usa.
Sou do tempo, tenho temporalidade. Não vou durar para sempre. Tive um começou, tenho um fim.
Quando minha ponta se quebra sou cuidado com carinho, sou apontado, renovado. Ser apontado é um processo doloroso, me comprime, me encurta. Mas me faz pronto pra fazer mais, escrever mais, rabiscar mais.
Não sou único! Não quero e não posso pensar assim. Sou apenas um dos demais instrumentos do Artista. Preciso de meus companheiros e junto deles damos vida à arte: O papel, a borracha, a caneta, as tintas.
Assim sou eu: Um instrumento, instrumento de Deus, que por vez ou outra precisa ser apontado. Escreve fraco, escreve forte. Sou do tempo, mas com a esperança de vida eterna. Não posso agir sozinho, não posso viver sozinho. Preciso de Deus, preciso do Artista para ser, para fazer. Preciso do Artista e dos outros, para apagarem meus maus riscos, para retocarem meus rabiscos, para colorirem meu desenho e dar o prestígio que merece o Grande Artista do Universo.