[Frágil como um Instante]
Eu, que em nada creio, o que faço com esta minha insignificância de ser? Como explicar essa arrogância de inseto viajante numa casca seca que desliza ao sabor do vento?!
Errante no cosmos, navegasse eu para a uma das infinitas estrelas, e não estaria tão sem rumo a frágil casca que me leva, à deriva, e com o leme quebrado...
Como um grito cá, que ecoa lá aonde não estou, a vida esquiva está sempre indo para o lado oposto ao que eu estou indo. A vida se demora em contrários...
Chega um tempo em que as palavras de nada servem; não mais vibram as cordas das emoções, e ao falar, até os músculos se afrouxam...
Afinal, quem crê nestas coisas? E por que mentir tanto assim, se tudo tem a fragilidade de um instante?
[Penas do Desterro, 10 de maio de 2011]