Olhar o Céu
Olhar o céu faz-me sentir saudades.
Saudades do meu tempo de criança.
Saudades dos amigos, aos quais fizemos promessas de que nunca perderíamos nossa linda amizade. Algumas se perderam!
Saudades das brincadeiras. Quanta inocência!
Saudades dos lugares secretos, que poder acreditávamos ter. Impressionante!
Saudades das trocas dos primeiros olhares. Quanta magia havia naquilo tudo!
Saudades das professoras, do cheirinho da merenda escolar a invadir a salas de aulas. Ainda posso senti-la!
Saudades das partidas de futebol no fim da tarde. Que fantástico!
Saudade do entardecer, nele contava as estrelas, enquanto ouvia melodia suave da Ave-Maria. Quanta mística!
Saudades das rezas, das fogueiras de São João. Beleza infinda!
Saudades do meu livro de historinhas que mostrava as aventuras de dona baratinha e João ratão. Quanto riso!
Saudades daqueles sonhos, que eu tinha absoluta certeza que um dia iria se cumprir. Quantas fantasias!
O céu tem o poder de nos fazer ir além, e de retroceder. De viver o presente, de fato como um presente. De relembrar o passado com um amor especial. De olhar para o futuro com muita esperança.
Olhar para o céu, me ajuda crer que um mundo novo é possível. Sinto saudades de algo que eu mesmo desconheço: chama-se, infinito, eternidade, sei lá...
Por causa desta saudade, vôo além de mim mesmo; quebro muralhas e luto com feras se preciso for. Por causa dela (saudade), amo como se o atual dia fosse o último de toda existência humana.
O que um simples e profundo olhar para o céu nos provoca. Será porque nos relembra tantos sentimentos? Como descobrir essa resposta? Ela está dentro, irraigada no mais íntimo de nossa alma. É só procurá-la, e com certeza vai encontrá-la no fundo, nas cavernas profundas do coração.
Por isso quero sempre olhar para o céu...
Valtenir Lima