Temer a Deus ou aos homens?
O que faz com que eu me sinta tão mal quando percebo que alguém testemunhou alguma falha, pecado, erro cometido por mim? É extremamente constrangedor, ser flagrado em uma obra da carne, por alguém, professe ele a minha fé ou não, mas que me conheça como “cristão”. Como quando eu viro o pescoço para “avaliar o tecido” de todas as saias que passam por mim até me deparar com um irmão que percebendo o que se passa, me condena com seu olhar. Ou quando esbravejo irado com o motorista que me fechou numa situação de trânsito e me deparo com o meu pastor que estava logo atrás de mim em seu carro, testemunhando tudo.
Gostaria de entender por que meu coração se preocupa tanto em demonstrar certa imagem de religiosidade e santidade externa, visível, as pessoas que se manifestam de imediato, me confrontando pelo erro, mais do que com o próprio Senhor. A palavra de Deus, diz que o Eterno Deus, a quem sirvo, é um ser onipresente, onisciente e onipotente. Considerando sua onipresença e onisciência, posso afirmar que Ele estava ali no momento da minha explosão de ira, e mesmo no momento em que virei o pescoço para cobiçar tal mulher, vendo, ouvindo e entristecendo-se. Eu teria me sentido tão constrangido caso não tivesse sido flagrado pelos outros “cristãos?”
Talvez eu não tenha a plena percepção, a plena sensibilidade de que Ele está presente, e atento a cada passo, cada palavra, cada gesto que faço ou que deixo de fazer. As Escrituras dizem que não devo temer aos homens, pois podem matar apenas meu corpo, mas a Deus que além de matar o corpo pode lançar minha alma no inferno, e na verdade estou sempre fazendo exatamente o oposto. Onde está esse temor do Senhor que as escrituras mencionam tanto? Não o tenho encontrado aqui no meu peito.
Jesus deixou bem claro que a maior prova de amor que posso lhe dar, não está nas canções que componho ás pencas, nas palavras que prego, que de tão magníficas custam fortunas ao ouvinte, nem no quanto estou disposto a participar das liturgias fixas, semanais, nem do quanto eu me desgasto dentro de uma estrutura religiosa em trabalhos diversos, mas na obediência aos princípios que de antemão foram estabelecidos pelo Eterno e que estão registradas em sua palavra. "Aquele que me ama guarda os meus mandamentos...".
Não quero ser como Pedro no ato da prisão de Jesus, que até esteve por ali, não fugindo com os outros, mas com a motivação falida de mostrar que era melhor que os demais, que não trairia Jesus, que o Mestre estava enganado. Pedro não tinha entendido ainda que o mais importante não se trata do que podemos ser, fazer ou “demonstrar”, mas do que permitimos que Deus seja e faça através de nós. Não o que as pessoas podem pensar de mim, mas o que elas podem receber e viver em Deus através de mim. Mas Pedro aprendeu no decorrer de sua vida que é necessário “padecer por amor da justiça” e não pelo aplauso dos homens.
Não posso por mais que queira impressionar ao Senhor com minhas obras. Ele tem nos céus a mais perfeita adoração e tenho certeza que os anjos não desafinam nem trocam acordes, não esperam os aplausos após cada frase cantada, não se matam em esforços físicos se expondo como produtos que competem em uma vitrine. Nenhum templo feito por mãos humanas pode impressionar aquele que tem os “céus por assento e a terra como estrado para os pés”. Não faz a menor diferença para Ele a quantidade de títulos acadêmicos que tenho, pois Pedro, sem nenhuma cultura foi usado em suas poucas palavras para levar mais de três mil pessoas a se entregar ao Messias de Israel, numa única pregação sem precisar apelar para o emocional delas.
O que Deus espera de mim é uma total submissão aos Seus princípios de vida: Amá-lo de todo meu coração, toda minha alma, todo meu entendimento, amar o meu próximo como a mim mesmo, demonstrando isso em minha caminhada diária, negando a mim mesmo para que Ele viva em mim e através de mim, dando total liberdade ao Espírito Santo para fluir na minha vida, para através de mim jorrar Sua vida aos que ainda não O conhecem.