Temporais

Domingo, oito horas. É cedo para o almoço do dia das mães – o frango que gira à vista de todos ainda está assustadoramente branco – mas é tarde para começar a pintar a parede: a tinta não vai secar antes da família chegar.

Para meu filho, é cedo, já que praticamente acabou de chegar em casa; para minha mãe, é tarde, pois já deve estar voltando da missa.

Ainda é cedo para telefonar para as pessoas queridas e desejar-lhes um bom dia, mas já é tarde para cumprimentá-las pelo aniversário que já passou.

É cedo para os pés-de-moleque, tarde para os ovos de Páscoa.

É tarde para os figos e cedo para os pêssegos; tarde para os antúrios e cedo para os girassóis.

É tarde para mudar algumas escolhas...

Mas é cedo para desistir de alguns sonhos.