Chamo Você!
Gatos digladiando em telhados, soltando seus ganidos terrificantes. Toda a calmaria de uma noite no inferno. Quem vê pássaros quando cai a noite? Um mendigo e sua família em cima de uma carriola; três cachorros sarnentos e fiéis. Filosofias de aspirantes uspianas alardeadas em ônibus cheios das nove da noite. Um dia numa folha sulfite imaculada; dobraduras até que ela vire um avião e voe pela janela do quinto andar, caia não mão de alguém que retire todos os vincos e escreva uma história. A sinestesia da Música da Água Quente com o vento frio, com o concreto frio, com o solo frio, com o temperamento frio, com o coração frio. Mais quatro dentes, três passos e dois braços abertos e/e em um abraço. Um quarto de cedro, o vão do sótão tapado com uma caixa de papelão. Uma camiseta branca suja enrolada nas mãos às cinco da manhã; as cinco curtas primeiras horas do dia preenchidas com o sono um sono ansioso e profundo e cheio de sonhos e uma vontade titânica de não sair da cama. Agora dedos coceiras cortadores de unhas perfumes baratos caixas de pilhas rasgadas caixas de abelha e agentes de alfândega e apicultores e barris de amontillado e upload e todas as doze oníricas horas possíveis de impossibilidades. Dormir sozinhos?
02/05/2011 - 23h26m
Doves - Cedar Room