Os arrependimentos
Sei que erro, como muitos, erro...
Como toda criatura humana e vivente, eu também me arrependo...
Talvez o medo, talvez, neste caso, a inútil prudência...
Possam ter me trazido à porta a desagradável sensação do arrependimento...
Saberei ao fim do dia, que tudo que não se tentou deixou marcas...
Marcas profundas e inapagáveis, não só da mente como do coração...
Vale a pena deixar para traz aquela pessoa?
Unicamente por medo, por insegurança?
Vale?
Não, definitivamente, não...
A mala perdida na estação, o adeus sufocado...
Imagina, tudo isso guardado...
Dos pés a cabeça, das mãos ao peito...
Não há jeito...
Ele vai estar lá...
Impiedoso e mau...
Depois de passados e destinos tudo vai estar lá...
Na encosta, bem na beira, para quando o pensamento passar...
Nele com toda força, sua fúria inquietante lançar...
Sabe, as vezes provocamos as pessoas com nosso jogo...
As vezes deixamos cair no chão a ultima taça...
Sem percebermos, que o instante não será detido...
E não vão mais colar os caquinhos...
No pensamento alheio, o sim ou não vagueiam...
Quem colhe o sim pra si só deixará o não no ar...
E a resposta certa, quem vai deixar?
Até que saibamos o que não nos arrepende...
Vamos tentando...
Tentando não nos machucar, não errar...
Não viver...
Não ser...
Nem se quer existir...
É existir...
Porque quem não erra não vive...
Quem teme não constrói...
Não ousa e se acha seguro...
De quem?
Do mundo?
Ou de si mesmo?
Não importa se vai doer, a vida começa com dor, e muitas vezes morremos sem sentir...
Alguns em vida...
Nascer é tão bom...
E o respirar doí, e o bebe chora...
Mas vive, acontece e nasce...
Porque não renascermos a cada dia?
Em cada sorriso que se pode dar?
Ou no amor se entregar?
Quem sabe aquela pessoa que você gosta tanto não está a sua espera?
Deixe-se ser alguém, pra si ou outrem...
Melhor que pensar no ontem...
No que não foi, não pôde...
E morrer de vontade do seu próprio, covarde e triste, dia...
Queria um mundo só meu, pra não me arrepender pela estrada...
Do que sou, do que fui...
Mas aí não teria graça...
Seria só mais um planeta sem nada...
Melhor é viver, com ou sem dor, não importa...
Que viver pensando arrependido em quem não volta...