Divagando a quatro mãos...
Há um medo que não se necessita manifestar
Dor deliciosa de pensares, de fazeres, de sentires
Há um porquê de virtudes nem um pouco oriundas...
Segredos e saberes, qual sentimento inusitado!
E que só compartilhamos bem no nosso íntimo
Na reflexão ali na boca silenciosa da madrugada
Ou quando acordamos e deparamos com o orvalho
Finais de tarde quando o sol se esconde no horizonte
Qual chaga que se augura sem pranto acabar
Mora no peito este frio que ascende e descende
de amar sem delongas, silenciosamente e sem ver...
E sobrevive das presenciais infindas alegrias...
É algo que transcende ao mero conhecimento
Que nos toca e retoca em sutis pensamentos
Leva-nos e eleva o ser aos cantos mais distantes
Quando nos entregamos aos sonhos mais bonitos
Não, não é cabível tão abrasiva esperança
de tal vida sem se procederem paixões alusivas...
Algo queima serenamente e não é dado fugir
do calmo conduto do amar tão taciturnamente...
São lembranças que estão tatuadas na mente
Das renúncias, entregas sôfregas e desmedidas
Que um dia se deu nas chegadas e partidas
A insistir agora re-habitar e nos re-apaixonar
Da vida tão marcada, que seria a dor, senão nada
De tanta realização num peito vazio insensato
Guardião de pulsações um tanto ultrapassadas
De amor, de paixão, ternuras nem tão extravasadas...
Foram momentos lúdicos que não foram sepultados
E que mais uma vez reacendem a chama ressuscitada
Só nos resta apreciar e dar guarida e acalentar
Porque assim revivemos e até cicatrizamos
Há uma coragem sem reservas ou com quase nada
Um olhar molhado direcionado e intencionado...
Há inquebrável vínculo eternamente esculturado...
De toques serenos, tamanho sentimento decretado!
De tudo isso se fez certo dia um belo compromisso
Para que tudo se guardasse com ternura no "poço de virtudes"...
Da nossa existência para que retornasse agora sem dor
No diálogo poético de quem sabe dar sentido ao amor.
Duo: Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes