Sinestesia

Minha inconstância têm sabores: doce e amargo. Se sou cheia de luz, tenho em mim sombras. Vibro em alegria, me derramo em tristeza...Como qualquer ser. Posso fazer tempestades e ser uma gota d’água ao mesmo milésimo de segundo. Posso querer tudo, não fazer nada ou porque não fazer tudo e não querer nada. Qual o problema em contradizer a mim mesma? Quem disse que a contradição é ruim? Certamente não fui eu...esse paradoxo imutável. Limito-me a não me limitar. Preciso de ar, então ocupo meus pulmões com a fala...Preciso sorrir, então disperso essas palavras pessimistas. E essa escuridão, é tão passageira...e igualmente necessária. Não se vive só de sorrisos, rosas com sua perfeição têm espinhos. Não sou a primeira, nem a última a dizer isso. Posso caminhar ,caminhar...e não chegar a lugar algum, o fim parece desprovido de sentido...o início passa desapercebido e o meio acrescenta experiência...No término, o fim é lúcido, inexplicavelmente inacabado...E isto é apenas mais um ciclo, é como andar em círculo e não encontrar uma vértice, uma saída...é uma bola sem penhasco.Eis aqui palavras murmuradas, mais palavras jogadas á um estranho meio digital. Uma vez que não estão palpáveis, e eu necessito dessa solidez, sou humana. O imaginável não satisfaz. Como terminar um pensamento que mal foi iniciado?...nem tampouco construído, e jamais será findado. E é aí onde se encontra toda graça...no fluxo incansável de palavras que clamam para serem solidificadas...no não terminar das questões, nas respostas encontradas nas canções...

Tatiana Espíndola
Enviado por Tatiana Espíndola em 25/04/2011
Reeditado em 25/04/2011
Código do texto: T2928998
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