Sinestesia
Minha inconstância têm sabores: doce e amargo. Se sou cheia de luz, tenho em mim sombras. Vibro em alegria, me derramo em tristeza...Como qualquer ser. Posso fazer tempestades e ser uma gota d’água ao mesmo milésimo de segundo. Posso querer tudo, não fazer nada ou porque não fazer tudo e não querer nada. Qual o problema em contradizer a mim mesma? Quem disse que a contradição é ruim? Certamente não fui eu...esse paradoxo imutável. Limito-me a não me limitar. Preciso de ar, então ocupo meus pulmões com a fala...Preciso sorrir, então disperso essas palavras pessimistas. E essa escuridão, é tão passageira...e igualmente necessária. Não se vive só de sorrisos, rosas com sua perfeição têm espinhos. Não sou a primeira, nem a última a dizer isso. Posso caminhar ,caminhar...e não chegar a lugar algum, o fim parece desprovido de sentido...o início passa desapercebido e o meio acrescenta experiência...No término, o fim é lúcido, inexplicavelmente inacabado...E isto é apenas mais um ciclo, é como andar em círculo e não encontrar uma vértice, uma saída...é uma bola sem penhasco.Eis aqui palavras murmuradas, mais palavras jogadas á um estranho meio digital. Uma vez que não estão palpáveis, e eu necessito dessa solidez, sou humana. O imaginável não satisfaz. Como terminar um pensamento que mal foi iniciado?...nem tampouco construído, e jamais será findado. E é aí onde se encontra toda graça...no fluxo incansável de palavras que clamam para serem solidificadas...no não terminar das questões, nas respostas encontradas nas canções...