O Peido do Véio

Um véio cheiroso

Falava dos livros

Vendia enciclopédias

E era bem quisto

Na cidade pequena

Chegava na cena

E as muié endoidava

O véio cantava

Todas de uma vez só.

Chegou a Madalena

Uma bela morena

Que ao véio encantou

Ele logo falou

Que queria dançar

Com a morena sem par.

A morena aceitou

E a noite chegou

O bailo então começou

O véio se animou

Abraçou, apertou e beijou

A morena que ele pegou

Mas a torta de palmito

Que tinha sido servida

Estava levemente cozida

E um sabor logo azedou

O véio animado pensou

Que era mal estar passageiro

E nem deu valor pro agueiro

Que o peido solitário soltou.

O véio rodopiava

Na pista o casal arrasava

Foi quando a morena gritou

- Que cheiro ruim to sentindo!

O véio sempre mentindo

Disse que era o casal vizinho

E com o dedo mindinho

Na boca toda enrugada

Fez charme pra moça aloprada.

Voltaram aos passos dançantes

O véio e a moça rodopiantes

Encantando o salão.

Ele tinha a calça branquinha

Ela uma saia fininha

Que balançavam no ar.

O véio, num passo inovador,

Rodou a morena no ar

E ela caiu sem sentir dor.

Mas quando o véio abaixou

Para a morena aparar

Um peidinho em barro se formou.

E o salão a gritar

Aplaudia a situação

O véio de bunda pro ar

E a merda escorrendo no chão.

A morena triste a chorar

Correu atravessando o salão

Disse jamais enfrentar

Tão horrível comoção.

O povo todo a uivar

Dizia com voz de dragão:

"- Véio babão vai obrar

Noutro baile, pois não!"

Essa estória terrível

Passou pelas gerações

Para dizer que roupa limpa

Qualquer peidinho pode sujar.

Diária Mente Louca
Enviado por Diária Mente Louca em 22/04/2011
Reeditado em 22/04/2011
Código do texto: T2924017
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