Sem palavras

O silência se aproximou.

Não percebi.

Entrou, sem pedir licença,

Por isso, não pude agir.

O silêncio fez morada

Não pediu permissão.

E agora, as palavras que gritavam,

Divertiam, consolavam, amavam, sentiam,

Hoje moram em outros lábios,

outros pensamentos.

Implorei para que voltassem,

Expulsaria o silêncio a qualquer custo!

Mas ele não se foi, nem elas quiseram voltar.

Perguntaram como fui capaz de permitir

que o silêncio se instalasse dessa forma

onde só elas poderiam habitar

E eu, já exausta, respondi que

A vida, essa vida que nos desnorteia

Que nos desespera, que nos exige,

Que tantas vezes exaspera

Fez-me esquecer.

Esquecer de zelar pelos sentimentos

De cuidar das flores da poesia...

Ah, voltem, voltem palavras!

Minha convivência com o silêncio

Tem sido péssima!