CICATRIZES
Como é difícil quando não se está preparado para o fim. É como se fossemos ferido mortalmente em nossos anseios... em nosso sentimentos mais íntimos e pessoais. É como o fogo a varrer todos os nossos sonhos com suas incandescentes labaredas.
Tornamo-nos mais áridos, mais fechados a novos relacionamentos quando nos entregamos plenamente a um amor. Talvez esteja mesmo ficando velho, melhor seria adentrar nesse admirável e superficial mundo novo. Onde a volubilidade e as emoções descartáveis tornam-se o modelo Mor dessa inequívoca e fria maneira de amar.
Mas, não consigo mudar o que em mim germine naturalmente... Crie raízes, brotos, flores, frutos e sementes. Não passo de uma marionete nas mãos desse meu solitário destino... dessa maneira intensa com que me entrego ao meu querer. Acho que não deveria ser o que sinto e penso, não deveria conhecer a real dimensão da palavra entrega.
Não quero ter piedade de mim mesmo nesse solitário momento. Espero apenas que meu “eu” aprenda com as dores causadas por minhas decepções, por meus erros e acertos acerca do que sinto em mim. Não há além de mim culpados. Assumo todo o ônus de minha condição de homem apaixonado. O problema talvez seja que amei e amo mais do que jamais deveria...
Volto agora para meu casulo solitário e, como fera ferida, tratarei de minhas feridas com os ungüentos de minhas lembranças. E as cicatrizes farão com que aprenda que nada é o que realmente aparenta ser nesse antro de quereres intangíveis...
A vida eu sei continua, mas sempre haverá um espaço vazio daquilo que um dia ali estava: sonhos, desejos, vontades, planos, projetos... Esquecer? Não... Não se esquece das coisas que foram gravadas em nossos corações com a tinta mágica e irretocável do amar, do amor verdadeiro... Apenas seguirei... Até que encontre um porto seguro... Um canto onde possa descansar das vicissitudes desse meu querer.