Santos ou Soldados
De santo e soldado, de demônio e covarde, todos têm um pouco, todos são um pouco. Na guerra todos fazem o melhor para si, logo, o maior espelho da solidão.
No campo de batalha tudo se dissipa, os valores humanos são reprimidos pelo medo; o amor é derrotado pelos pesadelos.
Os cigarros, as fotos, o frio, a inquietude, as saudades, os amores deixados ou nunca imaginados; situações indesejadas e vividas; nostálgicas, beirando o desespero.
À vontade de voltar pra casa só não é maior do que a de morrer; querer ver a família ou fazer dos que estão ao redor sua família?
O amor dos que ainda vivos valorizam sua companhia é maior do que os de longe, talvez nunca se importaram com você.
Inimigos também amam, amigos se agridem e companheiros sempre morrem, fustigam o significado da existência.
Atravessar as linhas inimigas torna-se desgostoso ao ver meu soldado sucumbir, minha sorte foi maior que a dele; mesmo ele tendo mais fé, salvando minha vida e me mostrando quem é Deus.
Não queria estar em casa, queria ter morrido com todos. Meu plano não podia ter dado certo, era para que todos morressem... Juntos... Falhei na estratégia, queria a glória de fechar os olhos com todos meus parceiros; eles sim são dignos de mérito.
Queria ter tragado o último dos cigarros junto a eles, der dado o derradeiro abraço antes do último conflito, dizer “corram” e ser fuzilado protegendo-os.
Por fim, não queria escrever. A morte me ensinou e não me levou, passou a minha volta, se acampou, acompanhou a todos e me deixou.
Hoje sou apenas um santo ou soldado, demônio ou covarde... Vivo... Morto... Sem eles, perdido... Sozinho.
Maldita a vida que me deixa vivo, maldita a morte que não me quis.
Dead Poetry