[Num Certo Dia Sem Vento]
Eu queria... quero....
Quero muito cair,
assim, subitamente...
... Como o acontecer do mistério simples
de uma fruta vencida do tempo
que cai de uma árvore,
num dia completamente sem vento...
E cai exatamente naquele instante
em que eu, desejante, a olhava;
cai quando é necessário cair!
Quero... quero muito...
E só o que me falta é vencer
um medo pequenino:
o medo de cair sobre a pedra
do teu olhar triste... padecente.
[... Isto há de se dar num incerto dia sem vento,
para que se repita mais uma das indeterminações
do mundo, ou das vaguezas da vida]
[Penas do Desterro, 16 de abril de 2011]