Uma Bela Mentira

Passos pesados, pensamento voando ao longe. Sinto-me cada vez mais cansado. Respiro ofegante e transpiro cada vez mais.

Ainda não entendo o porquê venho a este lugar maldito toda vez fazer o mesmo ritual de costume: Ver a vida que não posso ter passar diante de meus olhos enquanto me embriago doce e lentamente com o inebriante sabor de uma Stella Artois. Mas de que adianta beber se este é o único doce sabor em meu dia? Não basta apenas o gole de uma bebida gelada para abrandar o amargor de minha alma.

Agora mais calmo, caminho devagar por entre os transeuntes. Olhares estranhos e estarrecidos em minha direção. Eu poderia pura e simplesmente atirar minha garrafa de bebida ao chão e bradar ao mundo questionando os olhares, mas não posso! Tenho de chegar em casa antes do nascer do novo dia e ceifar minha alma em meu recinto após o primeiro instante.

Ideais? Estes eu deixei em casa antes de sair e apenas peguei meus poucos trocados que me restam ao fim de uma “prostituição” mensal para ter o mínimo de prazer ilusório, bebendo enquanto vejo a grama crescer e a minha vida desfilar sobre o tapete vermelho de uma bela mentira.

R J Pausen
Enviado por R J Pausen em 13/04/2011
Código do texto: T2907628
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