Então é não?
Outra vez é não?
Perguntou-se ainda perpléxico com o que acabara de vivenciar.
Depois de tantos sentimentos estampados, conselhos pedidos e do tempo passado? Prefere ainda privilegiar-se do conforto de estar, simplesmente, distante. E distante não sofrerá jamais, e esquecerá com certeza, com a mesma certeza de que já esqueceu.
Mas outra vez é não?
Ainda meio bobo e desconcertado tentava decodificar a mensagem e fazer-se sentido nela (é difícil quando não conseguimos distância). Quantos invernos ainda teria de passar? Quantas pessoas ainda haveria de conhecer? Até que se esgotassem todas as opções do mundo palpável? Mas seria justo, então?
O que estaria por trás disso: um terrível medo de sentir toda a vida que ainda pulsa e depende do velho e único amor? Jamais o completaria, é certo... ainda que morto estivesse, eu saberia que as peças jamais se encaixariam e seria tão somente uma ilusão: como as dos retrados guardados dentro da caixa, onde tudo faz sentido.
Mas existiu então um fim? A caixa deve ser fechada e concluída? Já nada mais entrará nela se não as novas impressões que a cada nova leitura aparecem? Eu não acredito nisso! Nem mesmo a morte fecharia a caixa... mas algo a fecharia, é claro que sim.
Se não mais, de certo é feliz!
Mas feliz, sem mim? Algo ficou pelo caminho e ficou sem ser percebido de imediato... Porque não era imediato, ou pelo menos achei que não fosse. Logicamente e comprometidamente não seria!
Ainda temos algumas horas e alguns minutos antes de tudo isso explodir os nossos corações.
O que sinto é saudade, amor e corajem. O que vejo é saudade, amor, desejo e medo.
Não devia sentir medo - pensou - Não devia deixar que as coisas permanecessem neste estado de morbidez, em que evidentemente estão... enquanto passam-se a vida, as pessoas e o tempo.
Acabe logo com isso ou me permita acabar.