Quisera falar das flores
Quisera falar das flores
Do azul do céu nas tardes
Esquecer os dissabores
Atos de humanos, covardes...
É certo, que irei conter
De expiar minha dor
Um poema irei compor
Para por fim te entreter.
Se chora o palhaço, ou ri
A platéia nunca vê
Seu dever o deixa ali
Sustentando o seu clichê.
Preferiria a verdade
Dizer lagartos e afins
Sangrar a realidade
Rasgar o verbo, os rins.
Mas ai de mim, condenada
Falar das flores no inverno
Por sob o frio da geada
Se tornou o meu inferno.
Serão, porém, sem o viço
Sem o perfume do orvalho
Moldada num esganiço
Nesse poema espantalho.