Quisera falar das flores

Quisera falar das flores

Do azul do céu nas tardes

Esquecer os dissabores

Atos de humanos, covardes...

É certo, que irei conter

De expiar minha dor

Um poema irei compor

Para por fim te entreter.

Se chora o palhaço, ou ri

A platéia nunca vê

Seu dever o deixa ali

Sustentando o seu clichê.

Preferiria a verdade

Dizer lagartos e afins

Sangrar a realidade

Rasgar o verbo, os rins.

Mas ai de mim, condenada

Falar das flores no inverno

Por sob o frio da geada

Se tornou o meu inferno.

Serão, porém, sem o viço

Sem o perfume do orvalho

Moldada num esganiço

Nesse poema espantalho.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 13/04/2011
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T2906257