DO HOMEM (Cidadela)
CIDADELA (1)
Do homem - I
"(...) Deus faz-te nascer, faz-te crescer, enche-te sucessivamente de desejos, de pesares, de alegrias e de sofrimentos, de cóleras e de perdões, até que te faz ingressar de novo n’Ele. E, no entanto, tu nem és aquele estudante, nem aquele esposo, nem aquela criança, nem aquele velho. Tu és aquele que se cumpre. E, se sabes ver em ti um ramo que balouça, bem pegado à oliveira, hás de, nos teus movimentos, gozar da eternidade. E tudo à volta se tornará eterno. Eterna a fonte que canta e soube matar a sede a teus pais, eterna a luz dos olhos quando a bem-amada te sorrir, eterna a frescura das noites. O tempo deixa de ser uma ampulheta que vai gastando a areia, e faz lembrar um ceifeiro que amarra o seu feixe."
(1) SAINT-EXUPÈRY, Antoine de. Cidadela. 4a.ed. Tradução Ruy Belo. Lisboa: Editorial Aster, 1978. p.23/24