Kafka ou Karma

Haicai Sangrento Fedido

Tinha a faca e o queijo na mão

Comeu o queijo e

Cortou os pulsos.

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Dia cão dos infernos! Fico com coceiras no furico enquanto observo a vida colocar o invólucro com o qual me sodomiza com seus truquezinhos safardanos; tentando me fazer de títere com seus malabarismos capciosos. A vida é um circo. Viver é ser um eterno enquanto dure palhaço.

Passei o dia tentando realizar minhas incumbências e sendo interrompido em meio a pelo menos trinta e cinco raciocínios que me custaram mais neurônios do que uma tragada monstruosa numa tora de maconha.

Fiquei puto da cara pra caralho e respirei o ar que a Morte sopra do chão quando você se debruça no parapeito do oitavo andar disposto a pular e ver se há inferno do outro lado - e não pula, pois há uma planilha de Excel a ser feita.

Além de ser o dia em que os rins agradecem e o mijo sai clarinho; aquela urina transparente e quentinha que dá vontade de mijar num copo com café instantâneo.

Veja bem: não estou reclamando. Simples catarse. Simples. Get it?

Ando adorando catapultar a minha tendinite de tanto redigir textos no celular enquanto eu espero maquininhas de autenticação emitirem seus bipes e fazer com que alguém por aí ande de helicóptero e limpe o cu merdado de cerveja de nome impronunciável com as notas que compõem o meu salarinho.

Não adianta não, mano. Não consigo olhar nos olhos quando não consigo fitar meu reflexo sem sentir as minhas fibras tão lânguidas quanto uma rabiola depois de uma cortada e aparada com um campeão vileiro de puxada de linha.

Há no celular um texto de seis mil caracteres a ser passado a limpo e não tenho pulsos nem forças e nem paciência.

Se eu falo da tragédia no Rio? Eu falo!

Oras, enche o saco ficar sentado diante de uma televisão no horário do almoço vendo imagens de velórios e de mães chorando. Pau no cu, manja?

Desses coveiros disseminadores da dor alheia, eu quero dizer.

Mas eu basicamente disserto sobre a minha convivência com um robô de codinome elevador e vou deixando a mente me levar pra onde ela quer, como sempre.

Quase que fui atropelado.

Não comprem maracujá: o que escrevo é de graça e dá tanto sono quanto.

Bode pra caralho.

Mas é bom ver quem dá arrimo além dos megapixels desse Fotolog dos tempos amargos - se é que você me entende, Tempos underline Amargos.

Café, tchau.

Lobão - A Vida é Doce

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 09/04/2011
Código do texto: T2897976
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