IMAGEM DO VIDEO MUNDO CANIBAL
O PÂNICO Dizem-no barulhento, estrondoso, ágil, nervoso. Mas não é. É esférico, pontiagudo, mau, traiçoeiro, veneno que pinga na alma em doses pequenas, lentas. Chega pé-ante-pé, envolto em poeira cinzenta, e hospeda-se em nossos pensamentos, fantasmagoricamente. É ambivalência de suspense que, ao caminhar, traz dúvidas ao destino da gente. Carrega consigo algo parecido com o arrependimento, pelo que não se tomou providência. O Pânico é decepção, humilhação que se impõe à inteligência. É nojo do Ser, em estado de tédio, no vazio que nos flagra imprevidentes, incompetentes para um existir , na metamorfose que faz brotar borboletas negras e azuis, na escuridão de becos úmidos e lodoentos, que não podem reter os acontecimentos. E o que tiver que ser, será - pois, O Futuro, do pânico, é independente. O Pânico sou eu, ou somos todos, ou (talvez) seja o mundo, neste exato momento. |
Publicado no Recanto das Letras em 21/12/2009 Código do texto: T1989575 |