Se você não saber ficar eu também não sei.

Aquele amor tomou um sossega leão. Durante um ano aquela agitação foi intensa, aprisionando cada pedaço do meu corpo em chamas, nunca antes adormecido tomava conta de cada espaço daquele apartamento pequeno.

O vento levou hoje de manhã cada pedaçinho seu, foi devagar amadurecendo aquele coração adolescente e esquecendo todas as risadas, todos os presentes, todos os espaços que ainda se encontravam entreabertos.

O tempo foi perdoando cada erro, cada choro desesperado que as vezes vinha na madrugada assim como faz uma criança quando sente um medo bobo, embora passageiro.

O tempo foi esquecendo as caricias e as minúcias, o prazer.

Os argumentos daquela paixão foram ficando calmos, esvaziando e tornando-se piadas passando entre os corredores sem fazer mais sentido.

Em um dia azul de verão aquele amor foi embora, não deixando nenhuma saudade naquele peito machucado, igualando-os.

Hoje, ela passa sossegada entre os muros sem medo de perder a qualquer hora a pouca respiração que às vezes permanecia constante, despertando outros amores, causando inveja no tempo.

Ele? Pois bem, continua no mesmo lugar, exibindo as curvas de um corpo o qual já foi muito desejado, mas que hoje se encontra liberto no fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer, eu posso, ele não vai poder me esquecer.

Eu só não lhe perdôo por ter me obrigado a ver que no fundo eu nunca “amei” você.

Gabriela Carvalho
Enviado por Gabriela Carvalho em 03/04/2011
Código do texto: T2887127
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