Matéria-prima
Elegias espalhadas pela casa toda
O som no quarto, o som na sala, o som na bolsa
As unhas no chão, por onde tentei escapar
Tem ocupação tão dificultosa quanto perpetuar?
Eu juro que não sou o culpado por tudo
Tenho minha parcela em ação, mas e enquanto imóvel?
Enquanto eu aprendo, enquanto eu obedeço?
Posso contar mais de um segredo
E me manchar ainda sorrindo
Porém abduzir o que é mais perigoso se torna inevitável
Jamais serei curto, que se segure meus sentimentos com uma só mão
E nem tão infinito, que não se veja, e nem se sinta
A facilidade em não se esforçar
É o ponto neutro do conhecer a si mesmo
Plenitude é uma virtude longínqua, quiçá trabalhosa
Uma ode ao espírito, mas que mata homens por cansaço
Cansa homens esforçados, mas sem vida
E homens sem vida, que nem fazem mais força
Somem-se todos os dias, milhares de segundos
E tomo meu caminho
Tomo algum vinho
Ora desfigurado, se é que tens de entender
Cada um com seus poréns
E todos contra todos.
Daniel Sena Pires – Matéria-prima (02/04/2011)