Acredito
Acredito em vida
Em outros lugares
E nem por isso
Desprezo o que nos alcança
Ou o valor da semelhança.
Apenas o sinto por saber
Do que é substituído
Do que é esquecido
Do eu que nasce...do eu que morre
Do que nos percorre.
Acredito ainda
Um dia ser mantida
Por outra gravidade
Menos instável.
Ter como governo
Algo admirável
Um povo menos alienado.
Acredito em novos sóis
Sem qualificação de grandezas
Em estrelas que não precisam
De aplausos ou marcas na calçada.
Esse mundo pop
Dos astros sem luz própria.
Acredito em lugares desabitados
Repletos de vidas escondidas
Esperando ser entendidas.
Acredito mesmo no reencontro do etéreo
Sem preciso pra isso aqui voltar
Ou nova árvore plantar.
Acredito no movimento
No que leva pra frente.
No presente imaginário
No segundo passado
E no futuro alcançado.
Na rapidez da luz
No reflexo que conduz.
Na imagem aparente
Que temos da gente.
Acredito novos modos de vida
Mais elegantes
Sem preciso mudar figurino
Ou querer ser mais fino.
Acredito na possibilidade de ser
Muito interessante
Aqui ou muito distante.
Acredito em mundos particulares
Início de novas etapas
Algo que constantemente se resgata.
Acredito na eternidade
Não como algo a se alcançar
Mas algo a se apoiar.
Acredito ...
No estar pleno
Estar sereno
Estar repleto
Estar ali ...estar aqui
Estar assim
Ser isso
Ser aquilo
Já ter vivido
Ser o todo
Da parte que coube.
Já não ver Deus apenas
Como busca
Ou algo que ofusca
Mas ser a procura
A sutura desprendida do Todo.
Não ver Deus como o que espero
O que tenho como sério
Ou meu maior mistério.
Mas O sentir por permissão
Sem minha omissão
Ao entender a pregação.
Não ver só o lado claro
Do nosso universo
Mas entender a beleza poética
Sem tanta dialética.
Ver Deus... não como o juiz supremo
O que em mim espremo.
Mas o refrigério
No meu estéril.
O ver ainda mais lindo!!!
O sereno...
Caindo na noite escura
Dando vida a tantas criaturas.