Reflexões acerca da atuação

""Se"" não consigo acreditar na cena, infelizmente, não posso interpretar... Representar uma tola encenação vazia com técnicas já estabelecidas diante de um estúpido nervosismo à ribalta da iluminação... É bem mais fácil para um "performer" o fazer, ou uma máquina cheia de algorítimos nucleares... Encarar os fatos sem compreender a verdade embutida, silenciar a mente desperta diante da realidade do mundo e acordar para outro mundo que explica o mesmo mundo, é um sacrifício constante para o ator... Matar a si mesmo e continuar a viver... Diante do impossível os desenhos animados possuem mais vida, mesmo sendo apenas pinturas de gelo em movimento frenético... Talvez, esse seja meu erro, ter que vivenciar a arte e não ter fé em pequenas coisas, como um "bom dia!" ou um "como vai você?"... O ator deve acreditar que uma página em branco já é o suficiente para uma grande interpretação e presentificação do personagem... O ato é a ação verdadeira através de uma grande mentira... Afinal, nossas mentes nos dizem várias palavras e sopram várias imagens, entretanto, nossas palavras ressoam apenas o que o personagem quer dizer... E esse ""Se"" mágico de poder 'Ser' e imaginar a si mesmo vivenciando outro 'Ser' é mais que uma simples imitação da existência, é mergulhar na essência do 'Ser'... E ""Se"" eu colocar esse ""Se"" de forma errada, como fiz no começo desse texto, factualmente, crio um interdito feito com muralhas mais altas que a minha própria imaginação... Portanto, preciso atuar qualquer personagem em qualquer lugar e em qualquer situação, pois, só assim, usando o ""Se"" positivamente que posso começar a destruir o meu próprio ""Eu"" para reconstruir um novo "" Se Eu ""...

Tarcisio Bispo de Araujo
Enviado por Tarcisio Bispo de Araujo em 31/03/2011
Reeditado em 24/06/2019
Código do texto: T2881194
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.