Unitário partilhado;
Eu escrevo para falar de mim. Eu escrevo para auto-afirmar quem eu sou em meio a todo o resto, um jeito de me segurar, de me limitar, de dizer o que deve ser dito, exteriorizar o que em mim se faz presente, como todos é claro, eu tenho desejos, sonhos e frustrações. Eu reconheço a minha pluralidade, eu sou vários eus, um transito constante de chegadas e partidas. Às vezes eu grito. É verdade, eu exclamo – Parem! – sim, é tudo verdade eu estou convergindo, não sei de fato qual desses eus esta no controle, qual segura às rédeas e dita às ordens, não sei nem ao menos se há alguém no controle ou se estou desgovernado, se não é apenas ao acaso que qualquer um desses inúmeros eus me tome de assalto, eu sou milhares e sou um, sou unitário de dezenas, de milhares.
Eu sou um pouco de todos que amo, sou um pouco dos amigos, da família, dos meus pais uma dose a mais, sou o tipo gênio forte paterno salpicado com emoções maternas familiares, aquelas que te fazem chorar no meio de uma briga estúpida, que te faz perdoar primeiro no coração do que na mente, que erra, mas erra tentando acertar.
Sou constante na minha inconstância, um ponto cego dentro de toda a racionalidade, um pouco daquela voz chata que frisa maliciosamente “vá com calma” “isso pode não dar certo”, parte impulso, parte fragilidade. Sim é verdade. Eu realmente estou sendo dirigido, vejo sinais de pare e inúmeras placas de curva perigosa e muito mais do que isso, eu estou indo com tudo, eu estou no passageiro de mim mesmo, e se alguém quiser saber, só digam que eu estou me descobrindo.