Me devoro!
Como poderia eu arrancar essa angústia do meu peito?
Fazer minha mente obedecer meu corpo sem receios?
Enxergar a realidade como ela é sem máscaras?
Viver o hoje e deixar o amanhã nas mãos DELE?
Não, não posso...
Não quero...
Me devoro!
Me creio, descreio, me acho e me engano!
Me vejo cético na incerteza de ser humano;
em meio a frias almas que vagam sós,
abraços quentes me seguram tão sem voz...
e me desanteno, me desentrego;
me encho de medos e pensamentos trêmulos
fabrico receitas, leio bulas alheias
invento transtornos, mergulho em contornos...
e como eu poderia me livras das amarras?
Antigas farras que me iludem, regressam, deprimem
em meio ao pranto que é limpo por minhas garras
Garras que já não lutam, estão amarradas.
Não, não posso...
Quero e não quero...
Me desentendo e Me devoro!
Me vejo, revejo, me olho e me desengano!
Me vejo novo na certeza de ser humano;
em meio a almas quentes que vagam sós,
procurando por amor já sigo com alguma voz...
Sim, é claro que posso!
Quero e quero
Me entendo e Me devoro!